Conheça o Acredita, novo programa de crédito para o MEI

Boletim traz ainda todas as regras para a declaração anual do MEI, além de dicas para empreender e precificar produtos

14 maio, 2024

Acredita promete financiar empresas, hoje, com pouco acesso à crédito

Programa, que deve se iniciar em julho, permite operações de até R$ 21 mil e limite de crédito no sistema de até R$ 80 mil, sem a necessidade de fiador ou comprovação de garantias

No fim de abril, o governo federal lançou o programa Acredita, que visa aumentar o acesso ao crédito de pessoas físicas e jurídicas que atualmente tenham dificuldades para conseguir empréstimos bancários, principalmente pela falta de garantias.

Na primeira fase do programa, o Acredita no Primeiro Passo oferecerá linhas de crédito que dispensam fiadores, pois respaldas por um fundo garantidor, e atenderão micro e pequenos empresários inscritos no Cadastro Único (CadÚnico).

Segundo dados do Sebrae, dos 15,5 milhões de Microempreendedores Individuais (MEIs) no Brasil, 4,6 milhões estão inscritos no CadÚnico, dos quais metade deles recebe o Bolsa Família. Essa faixa da população teria — muitas pela primeira vez — acesso ao crédito bancário.

O programa oferece cobertura de até 100% das operações, as quais poderão chegar a até R$ 21 mil, com limite de crédito no sistema de até R$ 80 mil para pessoas inscritas no CadÚnico que desejem abrir ou expandir os negócios. Pelo menos 50% dos recursos serão destinados a mulheres empreendedoras.

A previsão do governo é que o programa comece em julho, com a oferta estimada de até R$ 12 bilhões em créditos. Como já é comum em outras linhas, os bancos e as instituições financeiras parceiras serão responsáveis pela oferta do projeto, portanto, os interessados devem entrar em contato com os agentes financeiros para a adesão e a negociação de melhores condições de pagamento.

Linha ProCred 360

O segundo eixo do programa, batizado de Acredita no Seu Negócio, oferece a Linha ProCred 360, voltada a MEI e micro e pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 360 mil. Os juros são fixados na Selic mais 5% ao ano (a.a.).

A linha de crédito conta com um período de carência para quitação do empréstimo, que o empreendedor deve pagar os juros acordados antes do pagamento da primeira parcela. A previsão é que essa nova linha esteja disponível nos bancos e nas instituições financeiras no início de julho.

MEIs e MPEs inadimplentes do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) poderão renegociar as dívidas com os bancos.

E já está disponível uma nova versão do Desenrola para que MEIs e Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (MPEs) possam renegociar as dívidas bancárias.

Outros programas

A fim de melhorar a liquidez e o acesso ao financiamento no setor imobiliário, facilitando a compra de imóveis, o terceiro eixo do Acredita vai fomentar a criação de um mercado secundário de crédito imobiliário, atendendo a famílias da classe média que não se enquadrem nos programas habitacionais populares.

Já no quarto e último eixo do programa, o governo vai garantir proteção cambial para incentivar investimentos estrangeiros em projetos verdes ambientalmente sustentáveis.

Fique de olho nas novidades relacionadas ao Acredita no Portal da FecomercioSP.

VENDAS

Preço vai além da concorrência

Conheça as metodologias markup e margem de contribuição e escolha a melhor para o seu negócio

No mundo competitivo do Comércio, a precificação de produtos é um fator importante que pode determinar o sucesso ou fracasso de um negócio. A habilidade de definir preços de maneira eficaz não apenas influencia a lucratividade, mas também afeta a percepção do valor do produto pelos consumidores.

Entretanto, quais são os fatores que devem ser levados em conta para o comerciante acertar no preço final? Vale a pena se guiar pelos valores praticados pela concorrência?

O primeiro passo é identificar todos os custos diretos e indiretos que o empresário obteve na aquisição do produto para ofertar ao cliente.

Custos diretos

São mais fáceis para determinar um valor, pois estão relacionados de maneira direta ao produto final. Por exemplo, uma loja que revende roupas tem custos fixos com os fornecedores (compra dos produtos) e com a mão de obra da loja (funcionários).

Para o cálculo do custo direto, é recomendável que a empresa disponha de um sistema de requisições relacionado aos fornecedores, e outro de anotações que possibilite relacionar o tempo e o trabalho realizado por cada funcionário.

Custos indiretos

São mais difíceis de identificar e, para serem adequados aos serviços/produtos, precisam de algum tipo de divisão equitativa. São determinados por período de utilização, área de exposição, entre outros. Exemplo de custos indiretos da loja: mão de obra desempenhada por prestadores de serviços, manutenção de equipamentos, setores auxiliares do estabelecimento, limpeza e afins, além de aluguel, seguros e depreciação dos equipamentos.

Métodos para precificar

Existem muitas técnicas para formar preços, cada uma expondo recomendações e vantagens e variando com a necessidade de cada negócio, momento de mercado e informações dos processos de custos apresentadas.

Atualmente, as duas métricas mais utilizadas no Comércio são a margem de contribuição e o markup. Confira, a seguir, os detalhes de cada método.

Margem de contribuição

O preço é calculado pela diferença da receita gerada pelo produto e os custos e despesas variáveis para se fabricar a mercadoria (como insumos, impostos, embalagens, fretes de vendas, entre outros). Essa margem deverá ser suficiente para cobrir custos e despesas fixas (como limpeza, segurança, IPTU, água, luz, telefone, entre outros) e contribuir para o lucro.

Markup

Envolve uma análise dos custos embutidos em cada produto, com o objetivo de encontrar um preço que cubra esses custos e também proporcione o lucro desejado.

A partir disso, encontra-se um indicativo de multiplicador em relação ao custo-base. O cálculo é feito da seguinte forma:

Os porcentuais, que serão distribuídos por cada unidade de produto, ajudarão na composição do preço final.

Exemplo:

Imagine que as despesas variáveis para compor uma calça jeans sejam de 10%, e as despesas fixas em torno de 20%. O lucro desejado é de 40%. A fórmula corresponde por:

Markup = 100 / [100 – (10 + 20 + 40)]

Markup = 100 / [100 –70 ]

Markup = 100 / 30

Markup = 3,3

Assim, para se obter o preço de venda, basta multiplicar o markup pelo custo unitário total do produto. Se o estabelecimento tem um custo unitário total de R$ 60 por calça jeans, contempla:

PV = Markup x Custo unitário total do produto

PV = 3,3 x 60,00 = 198,00

Em termos gerais, a diferença dessas duas métricas é que a margem de contribuição oferece uma visão mais profunda, baseada no preço, e considera mais variáveis — o que pode garantir uma precificação mais realista.

Por outro lado, o markup é baseado no custo, portanto, mais simples de se calcular. As empresas que comercializam produtos similares podem optar pelo método, realizando um cálculo mais objetivo. Já as empresas que trabalham com uma gama maior de produtos podem se beneficiar mais com a formação de preços por margem de contribuição.

A formação de preço é uma etapa contínua na vida de um negócio, podendo tanto coroar, com êxitos, todo um processo produtivo como promover uma espiral de prejuízos insustentáveis, se mal calibrada.

E atenção, empresário! Garanta que cada venda contribua para a margem de lucro, eliminando as vendas e os clientes com pouca lucratividade. Vender a qualquer custo, sem respeitar as métricas de precificação, é mera ilusão. Crescer as vendas sem lucro é prejuízo.

PASSO A PASSO

Prazo para entrega da DASN-Simei é até 31 de maio

Ainda não enviou a declaração anual? Siga todas as etapas e não corra riscos

A Declaração Anual Simplificada para o Microempreendedor Individual (DASN-Simei) é obrigatória a todos os MEIs, mesmo sem movimento (ou, até mesmo, nos casos de baixa), e deve ser transmitida a cada ano com informações relativas ao CNPJ.

Em 2024, o prazo para entrega da declaração vai até 31 de maio; caso haja o descumprimento da data-limite, o MEI estará sujeito à multa no valor mínimo de R$ 50. Se o pagamento for realizado em até 30 dias, o valor será reduzido em 50%.

Confira, a seguir, cada etapa e faça uma declaração segura e sem erros.

#1 ACESSE O SISTEMA

Entre no portal do Simples Nacional, clique na opção “Entregar Declaração Anual de Faturamento”. Em seguida, insira o CNPJ completo para seguir para a próxima etapa.

#2 TIPO DE DECLARAÇÃO

Na próxima página, digite o ano-calendário da declaração que deseja realizar. Na escolha do ano declaratório, o MEI pode optar pelo modelo original, em que se faz a declaração normalmente (normal), ou informar o fechamento da empresa, caso o MEI queira informar a baixa (extinção); e pelo formato de retificação para retratar as DASN-Simei antigas (declaração retificadora).

#3 PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO

Após escolher o ano-calendário e o modelo declaratório, na próxima etapa, será calculada a receita bruta total.

Para as ocupações ligadas a comércio, indústria, serviço de transportes intermunicipal e interestadual e/ou fornecimento de refeições (sujeitas ao recolhimento de ICMS), informe o valor da receita bruta total (vendas) obtida no ano com essas ocupações.

Caso o MEI apenas preste serviços nas hipóteses de ocupações permitidas pelo Fisco — sujeitas ao recolhimento de ISS —, deve ser informada a receita bruta total do ano-calendário escolhido. Não havendo receita relativa a essa atividade, deverá informar “zero”. Ao fim do preenchimento, a receita bruta total aparecerá automaticamente. O empreendedor ainda deve informar se contratou (ou não) empregado no período.

#4 ENVIO

Após preencher todos os campos, o MEI deve conferir atentamente todos os dados informados e, se não houver nenhum erro, confirmar e enviar a declaração. Após concluir o envio, aparecerá uma mensagem perguntando se o MEI deseja imprimir o comprovante da declaração. É sempre recomendável ter o comprovante em papel ou arquivo (PDF) para apresentá-lo quando necessário.

PERGUNTE AO CONSULTOR

Os primeiros passos no empreendedorismo

Confira 9 dicas para iniciar um novo negócio, desde a escolha do plano até o planejamento de expansão

Abrir um MEI ou mesmo um pequeno negócio é o sonho (ou necessidade) de muita gente. Contudo, trata-se de uma jornada cheia de possibilidades e percalços, correndo o risco de o sonho virar pesadelo em muito pouco tempo. Por isso, quem estiver pensando em embarcar nessa aventura deve ter muita cautela (esqueça a pressa) e planeje meticulosamente cada passo para aumentar as chances de sucesso.

Procure seguir os passos abaixo para uma trajetória mais equilibrada e com menos chances de fracasso.

#1 IDEIA PARA UM NEGÓCIO

A grande ideia! Essa é a chave para diversos negócios de sucesso, afinal, tudo começa com um conceito inovador. Mas… Como?

Identifique paixão e habilidades: o primeiro passo para abrir um pequeno negócio é determinar o que você ama fazer e como suas habilidades podem ser transformadas em oportunidade de negócio. Isso não só aumentará as chances de sucesso, mas também tornará a jornada mais gratificante. Não adianta saber fazer o que não gosta, ou gostar do que não sabe fazer.

Pesquisa de mercado: faça uma busca para identificar clientes potenciais e o tamanho da demanda, além de concorrentes, últimas tendências do setor, potencial e abrangência de atendimento do futuro negócio. Isso ajudará a refinar a sua ideia e identificar um nicho de mercado. Lembre-se: a vendinha da esquina não vai concorrer com um hipermercado baseado nas condições de preços, mas pode se sobressair quanto a localização, simpatia, diferenciação do produto etc.

#2 PLANO DE NEGÓCIOS

Um plano de negócios bem elaborado é essencial e deve incluir uma descrição detalhada do que está pensando em fazer, bem como uma análise inicial de mercado e pequenos planejamentos operacional e financeiro. É importante considerar quanto precisará vender para honrar apenas as despesas operacionais, mesmo ainda sem lucro. Se já conseguir pensar também em estratégias de marketing e vendas, melhor ainda.

Definição de metas e objetivos: é preciso ter metas claras e objetivos mensuráveis.

#3 FORMALIZAÇÃO DO NEGÓCIO

Escolha da estrutura jurídica, de preferência consultando um contador, advogado ou algum outro pequeno empresário. Não é pecado falar com conhecidos e amigos, e decidir sobre a estrutura jurídica do negócio (se não for MEI, pode ser microempresa individual, sociedade limitada, regime do Simples e lucro presumido) fará muita diferença, pois isso afetará impostos, responsabilidade legal e, principalmente, custos.

Depois disso, busque registrar a empresa de acordo com as leis locais, obtendo todas as licenças e permissões necessárias. E, claro, abra uma conta bancária (mesmo se for MEI) distinta da sua conta pessoal.

#4 FINANCIAMENTO

Avalie quanto dinheiro precisará para iniciar e operar o negócio até que se torne lucrativo. Isso pode incluir custos de equipamentos, aluguel, suprimentos, marketing e salários. Se pensa em um pequeno negócio e está iniciando, não parta do princípio que poderá contar com bancos se não tiver boas garantias. Aqui, é improtante ressaltar que o risco depende muito do tamanho do seu passo. A sua pegada não deve ser muito tímida, mas evite a soberba e a fantasia. Não é incomum que os pequenos empresários iniciantes recorram a diversas fontes de financiamento, como economias pessoais, empréstimos de amigos e família — e alguns ainda consigam boas condições em empréstimos bancários. Não custa lembrar: os investidores-anjo ou o crowdfunding são opções muito pouco plausíveis para a maioria dos empreendedores de pequeno porte.

#5 PRODUTO OU SERVIÇO

Desenvolva um protótipo do produto ou esboço do serviço e obtenha feedback de potenciais clientes para aprimorá-lo antes do lançamento. Estabeleça também relações com fornecedores e informações sobre custos de produção que sejam confiáveis para produzir o que vai vender.

#6 MARKETING E VENDAS

Desenvolva marca e identidade visual. Isso, hoje, é possível de ser feito por Inteligência Artificial (IA) de forma bastante satisfatória. Imagine também quais são os canais para alcançar o público-alvo, como marketing digital, mídias sociais e e-mail marketing, além de publicidade tradicional, panfletagem na rua ou qualquer método que possa atingir pessoas que sejam potencialmente consumidores. Se decidir, de fato, abrir o negócio, crie um pequeno modelo de gerenciamento de relacionamento com o cliente.

#7 ESTABELECIMENTO ONLINE

No mundo digital atual, ter uma presença online é fundamental. Desenvolva um site e marque presença nas redes sociais, como Instagram, TikToK, entre outras que julgar relevante para negócio, produto e público. Considere vender produtos e/ou serviços online, inclusive se utilizando de ferramentas como o WhatsApp. Isso ampliará muito seu alcance e abrirá novas oportunidades de receita.

#8 LANÇAMENTO E CRESCIMENTO

Planeje um lançamento que possa gerar entusiasmo e atrair clientes (se for possível e cabível). Isso pode incluir eventos de lançamento, promoções especiais e campanhas de marketing direcionadas. Vela ressaltar que uma campanha de marketing pode ser a panfletagem de um terminal rodoviário próximo ao negócio. Não precisa ser algo muito sofisticado e custoso. Seja sempre adequado a bolso, público e produto — nem mais, nem menos!

Conforme a sua empresa for crescendo, você precisará construir uma equipe para ajudá-lo a gerenciar e expandir as operações. Contrate pessoas ou busque sócios que compartilhem da mesma visão e da paixão pelo negócio.

#9 APRENDIZADO CONTÍNUO

Avaliação e ajustes são sempre necessários. Será vital avaliar o desempenho da empresa regularmente, ajustando estratégias conforme necessário para otimizar o crescimento e a lucratividade.

Esteja preparado para enfrentar desafios e eventuais fracassos ao longo do caminho. A resiliência e a capacidade de aprender com os erros são indispensáveis para o sucesso a longo prazo.

Evolua! O mercado e as necessidades dos consumidores estão sempre mudando. Mantenha-se informado sobre as tendências do setor, esteja aberto a adaptar o modelo de negócio e continue inovando para permanecer relevante e competitivo. Tudo evolui, e o seu negócio deve acompanhar esse processo.

Abrir um pequeno negócio requer trabalho árduo, dedicação e uma dose de coragem. Com planejamento cuidadoso, execução estratégica e uma real mentalidade de empresário, é possível obter sucesso no mundo dos negócios, ainda que não venha fácil e, muito menos, de imediato.

Fabio Pina, assessor da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)

Clique aqui para baixar: Expresso MEI – Maio 2024