RADAR 26/09/2022

Cidadão menos engajado decidirá a eleição

 
A seis dias do primeiro turno das eleições, o RADAR traz uma avaliação do cenário político nacional de autoria do sociólogo Paulo Delgado, copresidente do Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP) da FecomercioSP.   Diante de uma eleição com 12 candidatos à Presidência da República, distribuídos por 17 partidos, dos quais 3 são organizados em Federação partidária, em torno de 156.454.011 eleitores brasileiros – a maioria formada por mulheres, sendo 11% sem obrigação de votar (jovens entre 16 e 18 anos e idosos maiores de 70 anos), a maior parte entre 35 e 60 anos, de um Brasil mais velho, com renda e escolaridade baixas – poderão comparecer às urnas domingo que vem. Dentre 28.474 candidatos inscritos, o eleitorado escolherá um presidente da República, 27 governadores, 27 senadores, 513 deputados federais e 1.035 deputados estaduais e 24 distritais para exercer mandatos a partir de 2023. O que mais se destaca no programa dos candidatos a presidente é a unanimidade do discurso e as propostas para ampliar o mercado de assistidos, sem perspectivas de diminuição estrutural das desigualdades. A eleição consolida um modelo de desenvolvimento econômico excludente, em que os pobres entram como albergados, o qual se mantém no Brasil desde a redemocratização – transmitindo a ideia de que foi a pobreza que criou a má gestão na economia, e não o contrário. Em eleições polarizadas, os 15% menos interessados em política podem acabar decidindo o resultado. Segundo pesquisas, o eleitor polarizado, engajado na campanha dos dois primeiros, já está muito decidido. Mais de 70% deles não devem mudar, enquanto a terceira via não se move. A minoria pendular e desconectada da “luta de boxe” entre os dois primeiros colocados nas pesquisas decide, nesta semana, se resolve a eleição no primeiro turno ou se vai levá-la para o segundo. Hoje, o panorama se resume a Lula trabalhando ostensivamente para liquidar o pleito no primeiro turno; Bolsonaro apostando nos dois turnos; e Ciro e Simone querendo se manterem visíveis para projetos futuros. Para compensar problemas de financiamento de campanha e aumentar a visibilidade institucional, o governo usa viagens internacionais, que dão mídia, para aparecer mais, como o velório da Rainha e o discurso na ONU. Lula se sente confortável para evitar debates na televisão com os oponentes. Dentre os cinco primeiros colocados, no quesito “financiamento de campanha”, o presidente Bolsonaro está numa posição mais desfavorável, pois recebe menos do Fundo Eleitoral e Partidário do que Simone Tebet, Ciro Gomes e Soraya Thronicke. Lula é que recebe mais do que todos juntos. Tal fato é resultado da armadilha das coligações, federações, troca-troca de partidos e sua consequência na distribuição dos recursos, que têm por base as eleições de 2018. A maioria dos candidatos é homem, de nível superior, empresário, advogado, político de carreira, casado, com mais de 45 anos. Uma curiosidade e uma discrepância em relação aos dois primeiros colocados para presidente, pois ambos não têm nível superior. Outro ponto típico da eleição é a profusão da divulgação de pesquisas, consolidando a estratégia de “encilhar” a eleição em dois candidatos, mediante a criação de uma avenida de duas pistas até 2 de outubro. Foram 1.838 pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao custo total de R$ 83 milhões, entrevistando 2,6 milhões de pessoas. Uma estratégia polarizadora da vontade do eleitor. Com pouca novidade até aqui, a população ou vai votar fechado como está desde o início, ou vai votar sem emoção e sem orgulho, por obrigação. O voto obrigatório consolida um cenário que favorece quem está na frente, mas o voto pendular dos não decididos – diferentemente dos indecisos e envergonhados – pode bem decidir quem chega na frente. Uma primeira tentativa parcial de radiografia do potencial do novo Congresso mostra que, pelo menos, 370 a 380 congressistas devem ser pessoas públicas. Já está sendo chamado de congresso “profissional” – ou, melhor dizendo, tradicional.  Cerca de 250 terão seu primeiro mandato federal. Até 150 congressistas se elegerão por ter algum parentesco com político importante nacional ou regionalmente. Menos de 50 deverão ser eleitos pelo voto próprio, sem precisar de legenda ou sobras partidárias. Em suma, teremos um Congresso experiente, com predomínio do “estilo centrão” de exercer mandato. Independentemente de quem ganhar, terá que negociar com um parlamento habituado a pressões, com pouca renovação e claramente pragmático e fragmentado em interesses regionais. O ELEITOR ESQUECIDO, INDIFERENTE E SUBNOTIFICADO. A internet e a grande imprensa estão certas de que não há espaço viável para a terceira via e qualquer novidade. É a hora que se fala em voto útil, o qual pode servir aos dois primeiros, donos de eleitorado aguerrido e estável. Contudo, ambos precisam do eleitor silencioso, volátil, não emotivo, cioso do voto secreto e que não se expõe ao confronto de opinião. É ele que pode, na última semana, encontrar uma onda de opinião pública favorável ao seu silêncio e se tornar decisivo. A Espiral do silêncio, obra de sociologia política que descreve eleições na Alemanha nos anos de 1960, descobriu um voto relaxado, discrepante, subnotificado que aparece do nada e decide a eleição no dia da votação. É preciso atenção neste eleitor não sectário, não moralizante, aparentemente omisso. O eleitor seletivo é igual ao que enfrenta dificuldades de memória e com o teclado de digitação. Ele não gosta de passar por quatro responsabilidades na urna eletrônica, ao ter que ficar atento à falta de lógica de começar por quatro números, voltar para cinco, descer para três, depois para dois, para, enfim, chegar ao número mais interessante: o do presidente. Não entende por que a sequência no teclado telefônico da urna não segue a lógica de, primeiro, dois números para presidente e governador e, depois, três para senador, quatro para federal e cinco para estadual, sendo o do presidente o primeiro a ser escolhido. Ele não sabe que foram os deputados que se colocaram à frente, temendo ser esquecidos. Este eleitor, aparentemente alienado, existe e está presente nesta eleição de tantos assuntos, em que não tem sido só a economia a decidir seus rumos. Em São Paulo, a novidade na internet é o aumento do interesse ao candidato Rodrigo Garcia (PSDB). Ele pode crescer na reta final e ir ao segundo turno. O sentimento anti-petista do paulista pode mudar favoritos.  

RADAR MONITORA 

Lula e Bolsonaro disputam o Sudeste Nesta última semana de campanha antes do primeiro turno, o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) intensificam as agendas de campanha no Sudeste, que, por possuir três dos cinco maiores colégios eleitorais do País, vai influenciar o resultado do pleito. Segundo o TSE, o Sudeste possui mais de 66,7 milhões de eleitores – 42% do eleitorado nacional. São Paulo, o maior, é responsável por 22,1% do total. Isto é: a cada cinco votos depositados nas urnas em todo o Brasil, um acontece em solo paulista. O resultado no Sudeste é acompanhado de perto pelas duas campanhas, mas desperta ainda mais atenção dos aliados de Bolsonaro. O desempenho na região é visto como fiel na balança para tentar “equilibrar o jogo”, segundo definiu à Jovem Pan um dirigente do PL.   Ciro dispara críticas Ciro Gomes divulgou vídeo criticando o que chamou de “bolsoplanismo” e “lulaplanismo”, em referência às atitudes dos líderes nas pesquisas eleitorais, Lula e Jair Bolsonaro (PL), mostra o Poder360. No material, um narrador afirma que Lula e Bolsonaro gostam de “passar pano”, idolatrar corruptos e chamar de “fascistas” todos que não baixam a cabeça para eles e têm dificuldade de aceitar a realidade.   Política internacional: ideias dos principais presidenciáveis Reconhecimento internacional e atração de investimentos que auxiliem o desenvolvimento econômico, a geração de empregos e o bem-estar social, além de intensificar a participação do Brasil nos trabalhos das Nações Unidas, com foco em mitigar as mudanças climáticas e garantir a paz e a segurança. Estas são algumas das principais propostas de política externa apresentadas nos planos de governo dos principais candidatos à Presidência da República, aponta a Jovem Pan. Lula defende a reconstrução da parceria entre América Latina e África, mediante a união Sul-Sul e a ampliação da participação brasileira nos assentos de organismos multilaterais. Bolsonaro promete estreitar acordos econômicos com nações mais desenvolvidas, além de integrar os acordos internacionais por meio da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Já Ciro Gomes defende a integração latino-americana e caribenha como um imperativo da região e o fortalecimento do Brics. Simone Tebet, por sua vez, fala em reforçar a integração latino-americana, com a proposta de aprofundar acordos já existentes ou criar novas alianças.   Motivos da abstenção histórica Desilusão com a política, baixa escolaridade e pouco acesso a fontes de renda. Em geral, estas são as principais razões para a abstenção eleitoral no Brasil, apontam pesquisadores e um levantamento feito pelo Globo. Desde 1998, o País registra média de 20% de eleitores faltosos nas eleições gerais. Segundo informações disponíveis no TSE, cidades do Amazonas e de Minas Gerais são as que têm a maior proporção de faltosos.   BNDES como banco de investimento é alvo de críticas O ex-presidente Lula (PT) declarou que, se eleito, o BNDES voltará a ser um banco de investimento. A fala do candidato petista foi criticada por economistas ouvidos pela CNN Brasil. Vinicius Carrasco, professor da PUC-Rio e ex-diretor do BNDES, diz que a eliminação de financiamento com taxas de juros subsidiadas e a devolução de recursos ao Tesouro Nacional foram medidas importantes tomadas para, segundo ele, “corrigir a rota” da instituição. Lula também voltou a prometer a revogação do teto de gastos, destaca a CNN Brasil.   Guedes: Vamos ter a “despedalada final” Nesta semana, será feita a “despedalada final”, declarou o ministro da Economia, Paulo Guedes, noticia o Valor Econômico. Ele se refere à devolução, pelo BNDES, de cerca de R$ 80 bilhões a R$ 90 bilhões ao Tesouro Nacional.  “O BNDES devolvendo, voltaremos para o nível [da dívida] de quando começamos.” Guedes reafirmou que o governo pagou pela guerra contra a pandemia, com a relação dívida/PIB retornando ao mesmo nível de quando começou o mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL). “É um dinheiro importante”, comentou.  

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

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