RADAR 17/10/2022

Panorama eleitoral do segundo turno

 

RADAR ANALISA 

O RADAR desta segunda (17/10) traz uma análise do processo eleitoral de autoria de Paulo Delgado, sociólogo e copresidente do Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP) da FecomercioSP. Delgado salienta alguns aspectos marcantes desta eleição:
  • o eleitor tem sido influenciado pelas redes sociais e por “seu sistema próprio de comunicação”, não sendo mais orientado em relação ao voto somente pela capilaridade da TV;
 
  • as campanhas tâm a proposta de geração de renda em maior destaque do que a garantia de escolaridade;
 
  • vivemos um momento marcado pelo aumento do número dos brasileiros que não sabem “nadar” sem ajuda do governo, com forte assistencialismo;
 
  • uma composição parlamentar volátil de centro-direita – partidos mudam de lado, de governo a governo – permite ao próximo presidente, seja Bolsonaro, seja Lula, navegar entre as contradições e formar a maioria necessária à aprovação dos seus projetos;
 
  • as pesquisas sofrem para entender as impressões do eleitor menos interessado em política, aparentemente omisso e não apressado;
 
  • a demanda por assistencialismo é uma rotina que influencia as eleições sob qualquer viés ideológico.
  Confira abaixo o artigo na íntegra. DESAJUSTES DE UMA ELEIÇÃO APAIXONADA Com um índice de renovação na Câmara de menos de 40% (39,38%), 20 senadores de primeiro mandato, derrota (ou desistência) de políticos tradicionais e experientes, partidos políticos a menos e clara tendência conservadora, a eleição para o Congresso Nacional é o espelho de um momento no qual o eleitor foi às urnas modificado pelas redes sociais e seu sistema próprio de comunicação. A opinião, que já foi rainha do mundo, graças à internet, tornou-se escrava da versão. Pecados, farsas, pedras, telhados de vidro, enfim, ninguém jogou limpo, todos vigiados por pesquisas de opinião semanais que encurralaram a vontade do País em uma avenida de duas mãos, desde o início. Sem serenidade e muita desarmonia, foi uma campanha de públicos, interesses setoriais, em que prometer renda foi mais importante do que garantir escolaridade. Campanha de conceitos confusos, em que a pauta identitária percorreu todas as bancadas, incluiu porte de armas e ser evangélico – e tanto servia para arregimentar como para fragmentar votos.  Ser “direita nos costumes” permitiu liberar a consciência para ser estatista na economia. Isto é, os anti-identitários, na economia, se parecem com os identitários. Sem qualquer interesse geopolítico, a eleição transcorreu como se fôssemos uma ilha. As cisões políticas e a crise mundial (e sua influência na situação econômica nacional) não foram determinantes para produzir a escolha de votar em deputado ou senador. Perderam-se as ideias liberais, a reforma do Estado, a modernização da gestão pública. Aumentou-se o número dos brasileiros que não sabem “nadar” sem ajuda do governo. Agravou-se a realidade de ser um país de desigualdades que precisa de assistência social e, por isso, sempre é capturado por políticas sociais improvisadas e eleitoreiras. Uma composição parlamentar volátil de centro-direita – partidos mudam de lado, de governo a governo – permite ao próximo presidente, seja Bolsonaro, seja Lula, navegar entre as contradições e formar a maioria necessária à aprovação dos seus projetos. Reeleito, Bolsonaro poderá se sentir mais confortável, porém, ao preço de ficar mais dependente ainda do Congresso. Eleito, Lula terá de negociar a maioria até dezembro, para tomar posse vislumbrando estabilidade e previsibilidade. São Paulo virou a chave para definir o vencedor da eleição. Pelo desequilíbrio apurado entre interior e capital, em favor de Bolsonaro, a decisão paulista pode fazer a diferença no segundo turno e redefinir o resultado nacional. O presidente eleito encontrará o Brasil em um cenário político-econômico engessado, de realidade institucional pré-moldada. Um modelo que não gera mais confiança e energia. Tudo continuará a passo de tartaruga mesmo após ter acabado a eleição. Não é necessário inventar muito argumento sob o custo futuro de um novo governo Lula ou a reeleição de Bolsonaro. O Brasil é um país de albergados, e a demanda por assistencialismo é uma rotina que influencia as eleições sob qualquer viés ideológico. O eleitor não se envergonha de precisar de ajuda, revela gratidão em troca de voto, exigindo dos candidatos mais benefícios monetários diretos do que emprego, educação, saúde ou respeito às leis. Esta é uma eleição clássica em que os menos interessados pela política decidem o resultado. O eleitor minoritário é silencioso, subnotificado, indiferente à opinião pública. Pesquisas sofrem para entender este indivíduo, aparentemente omisso e não apressado. E com dois sistemas de voto – o obrigatório e o facultativo –, a eleição teve a própria retórica: a certeza da incerteza. Paulo Delgado é sociólogo e copresidente do Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP) da FecomercioSP    

RADAR MONITORA 

A luta pela credibilidade fiscal em 2023  Coordenar as expectativas sobre as contas públicas será um dos primeiros grandes desafios do próximo governo, analisa Sérgio Lamucci, editor-executivo do Valor Econômico. Além de definir o montante da licença para elevar gastos em 2023, será preciso desenhar uma nova regra fiscal que assegure trajetória confiável de estabilização e queda da dívida pública como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) ao longo do tempo. Se for bem-sucedido na tarefa, quem vencer as eleições neste ano reduzirá incertezas importantes, num ano a ser marcado pelo impacto pleno do ciclo de alta da Selic sobre a atividade e por um cenário externo mais adverso, com juros mais elevados no mundo desenvolvido e risco de uma recessão global. Ex-secretário do Tesouro nos governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro, Mansueto Almeida avalia que o País tem como se destacar no ambiente complicado que se desenha para os emergentes em 2023, desde que mostre sinais “de responsabilidade fiscal e compromisso com as reformas, como a tributária”. Mansueto esteve em Nova York para reuniões com investidores. Segundo ele, todos olham com “curiosidade” para dois emergentes: o México, pela proximidade com os Estados Unidos, e o Brasil.   O que será da próxima década A situação fiscal e a escolha da agenda econômica são os principais temas que vão determinar a economia doméstica nacional a curto prazo e servirão de base para o que vai ocorrer nos próximos dez anos, mostra o relatório de cenários de longo prazo da Tendências Consultoria, divulgado pelo Valor Econômico. Uma economia mundial que cresce menos no pós-pandemia também é um ponto de destaque e traz, ao mesmo tempo, desafios e oportunidades, na avaliação da consultoria. Apesar de uma leitura de que a eleição 2022 deve ser a mais apertada do País desde a Constituição de 1988, a Tendências trabalha com a perspectiva de favoritismo do ex-presidente Lula e constrói três cenários em cima disso. Com 60% de probabilidade, o cenário básico mistura elementos reformistas e expansionismo fiscal. O quadro considera o fortalecimento das casas legislativas e uma percepção da classe política de que, de fato, a manutenção do poder passa pelo voluntarismo na agenda econômica. O maior desafio a curto prazo é dar conta das demandas imediatas para o orçamento, afirma o sócio e economista sênior da consultoria, Silvio Campos Neto. A estimativa é que o montante que ultrapassa a estimativa de 2023 gire em torno de R$ 120 bilhões. Quase metade disso (R$ 52 bilhões) vem da diferença do valor do Auxílio Brasil (de R$ 400 para R$ 600), que não está contemplada no orçamento, mas já prometida tanto pela campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto do ex-presidente Lula (PT). Nesta conta, entram também nova política para o salário mínimo e atualização da tabela do Imposto de Renda (IR), ambas citadas pela campanha do candidato petista.   Brindes fiscais e orçamento secreto O orçamento secreto e sua contrapartida, a liberdade que a base governista deu a Bolsonaro para que ampliasse gastos eleitorais, produziram o resultado desejado, avalia o Valor Econômico, em editorial. As legendas do Centrão avançaram em todo o Brasil, não só na Câmara dos Deputados e no Senado, mas também nas Assembleias Legislativas até nos Estados em que a votação do candidato de oposição, Luiz Inácio Lula da Silva, foi muito maior que a de seu oponente. Bolsonaro, por sua vez, não garantiu a reeleição, mas mostrou força suficiente para ameaçar o favoritismo de Lula. O orçamento secreto foi peça fundamental para que o Centrão não apenas dominasse a coordenação política do governo Bolsonaro e se tornasse eixo necessário de aprovação dos projetos econômicos de interesse comum, como também para barrar todas as tentativas de retirar o presidente do cargo por meio de impeachment.   Moody’s não vê grande turbulência após eleição e cita risco fiscal A agência de classificação de risco Moody’s Investors Service declarou que o cenário básico projetado para o Brasil não incorpora grandes disrupções após as eleições presidenciais, mas alertou que qualquer incerteza persistente sobre a direção das políticas econômica e fiscal atrapalhará as perspectivas do País, informa a CNN Brasil. Em relatório sobre expectativas setoriais, a Moody’s disse que a visão de um ambiente pós-eleições sem grandes turbulências se sustentaria tanto sob uma reeleição do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto sob vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, “o próximo governo presidencial do Brasil enfrentará vários desafios: manter a disciplina fiscal, a confiança dos investidores e o crescimento”, disse a agência de classificação de risco, acrescentando que a manutenção da credibilidade da política fiscal doméstica “será fundamental para gerenciar esses riscos”.   Lula promete renegociação de dívidas; Bolsonaro anuncia desoneração da saúde Em agenda de campanha, Lula voltou a citar o Desenrola Brasil, proposta de governo de renegociação das dívidas da população, além da diminuição dos juros, relata a CNN Brasil. O petista afirmou ainda que pretende conversar com a Febraban a respeito da redução da taxa de juros. Já Bolsonaro anunciou a desoneração da folha de pagamento do setor de saúde. “Pedi para ele [Guedes] desonerar e ele falou que eu poderia anunciar, que o impacto é compatível”, disse.   Eleitorado religioso pode ser decisivo, diz professor André Régis, cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), apontou, em entrevista à CNN Brasil, que o eleitorado religioso pode ser decisivo no segundo turno, já que 90% da população brasileira segue alguma religião. “O Estado é laico, a Constituição garante isso, mas os candidatos dependem do voto. Então, percebam que a candidatura de Lula e a candidatura de Bolsonaro estão perseguindo o mesmo público, porque esse eleitorado tem próprias demandas. Ele é capaz de alterar, inclusive, a agenda dos candidatos, porque é representativo e pode ser decisivo para a eleição”, inicia Régis. “O tamanho do eleitorado evangélico é crescente: 30% da população brasileira já é evangélica; enquanto 50%, católica; 10% declaram não ter religião; e o restante é dividido entre as demais religiões”, cita o especialista. Régis, no entanto, aponta para um fato: embora os católicos sejam a maioria, público evangélico se mostra mais engajados politicamente. Ou seja, o candidato que conquistá-lo tem mais chance de ganhar votos.   “Eleitor moderado vai ser o fiel da balança”, diz cientista política Marcela Tanaka, cientista política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirmou que o “eleitor moderado vai ser o fiel da balança” para o segundo turno. “Qualquer eleitor do meio será em peso de ouro. Agora, eles terão de se posicionar diante de escolhas que não foram as primárias – e podem ser convertidos, já que saíram para votar, estão dispostos a votar”, disse, em entrevista à CNN Brasil. Marcela afirmou ainda que é necessário, para ambas as campanhas, entender o motivo que levou esse eleitor a não votar neles no primeiro turno. “Para o segundo turno, vai votar nas duas opções que foram as menos preferidas deles. Para converter esse público, é necessário entender por que ele não foi para nenhum dos lados”, concluiu.   Na falta de um plano econômico de Lula, Alckmin dá pistas a empresários Na falta de um plano econômico de Lula, o vice Geraldo Alckmin (PSB) tem dado pistas a empresários e investidores do que deve ser a administração de eventual governo petista na área, relata a Coluna do Estadão. Alckmin se compromete com a redução da relação entre dívida e PIB, sem dizer, porém, como alcançá-la, além de uma Reforma Tributária nos moldes da que já tramita no Congresso, relatada por Baleia Rossi, presidente do MDB. O ex-governador paulista também tem dito que haveria uma revisão da legislação trabalhista, mas para estender a profissionais de aplicativos direitos garantidos aos trabalhadores formais. Promete, ainda, finalizar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. As promessas são avalizadas por Lula, segundo aliados, e isso é máximo de detalhamento que a chapa pretende oferecer neste momento.

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

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