Oportunidade para entrar no comércio eletrônico

Para quem atua nos setores de comércio e de prestação de serviços, a entrada no e-commerce pode ser saída inteligente para sobreviver à queda nas vendas

30 set, 2020

A impossibilidade de manter os negócios funcionando fisicamente, durante a pandemia do coronavírus (covid-19), ligou o sinal de alerta nas empresas em relação a novos canais  de  atendimento.  Para  os  Microempreendedores  Individuais  (MEIs),  que  atuam  nos  setores  de  comércio  e de prestação de serviços, a entrada no comércio eletrônico  (e-commerce)  pode  ser  uma  saída  inteligente  para  sobreviver à redução do volume de vendas e conquistar novos clientes.

Mas  se  aventurar  em  um  território  ainda  não  explorado  requer uma série de cuidados para não transformar a so-lução em mais problemas. Pensando nisso, o Expresso MEI elencou  os  principais  pontos  de  atenção  para  o  ingresso  no ambiente digital.

CONHEÇA O TERRITÓRIO

Segundo  estimativa  do  Sebrae,  o  investimento  inicial  para  entregar  no  e-commerce  é  de  R$  1  mil,  em  média.  Esse montante envolve a utilização de uma plataforma de vendas,  planejamento  de  estoque,  marketing  (uso  massivo  das  redes  sociais),  oferta  de  meios  digitais  de  pagamento e transporte dos produtos.

O primeiro passo é conhecer o ambiente digital e entender que  ele  é  totalmente  diferente  da  dinâmica  nas  vendas  físicas.  Existem  custos  que  são  típicos  desse  meio,  como  hospedagem do site, taxa cobrada pelo meio de pagamento, prazo para que o dinheiro entre na sua conta, custo da transportadora e envolvimento do empresário no pré e no pós-venda.

R$ 1 mil é o investimento inicial para entregar no e-commerce

ESCOLHA A PLATAFORMA

Existem   empresas   que   oferecem   possibilidade   de   se   montar  um  site  utilizando  formatos  pré-moldados,  que  são  opções  mais  baratas  para  quem  quer  iniciar  suas  vendas online. As plataformas Shopify, Wix, Magento e Woocommerce são alguns exemplos de ferramentas intuitivas, em que os próprios empresários podem montar o site, sem precisar da ajuda de um técnico em informática. Mas, lembre-se: os sites de vendas são mais do que vitrines virtuais para oferecer seus produtos, eles devem ser pensados para proporcionar uma boa experiência de compra  aos  clientes.  Por  isso,  busque  referências  de  outros  comerciantes  que  já  experimentaram  essas  ferramentas  e  confira  se  há  reclamações  em  relação  ao  funcionamento delas.

CAPRICHE NAS IMAGENS

Nessas plataformas, é possível escolher o layout (identidade visual) que melhor representa sua marca e fazer parcerias com meios de pagamentos online com os principais bancos e as instituições financeiras – além de abrir um canal direto de comunicação com eles, por meio das redes sociais e do e-mail.

No  ambiente  digital,  as  fotos  dos  seus  produtos  ficam  continuamente expostas. Então, é fundamental que disponibilize diversas imagens  que  mostrem  todas  as  características  do  produto,  para  que não haja dúvidas. No caso de roupa, por exemplo, é indispensável que haja a descrição precisa de tamanho, cor e modelo. Existem  muitos  sites  de  moda  que  indicam  medidas  que  permitam  ao cliente fazer uma escolha mais próxima da realidade, sem precisar experimentar o produto, como acontece em uma loja física.

É fundamental que disponibilize diversas imagens que mostrem todas as características do produto

FEITO PARA O CLIENTE

Um grande diferencial do pequeno negócio é a possibilidade de conhecer intimamente o cliente, sabendo seu nome, suas preferências, hábitos de compras e principais necessidades. No ambiente digital, isso é importante também, pois permite ao empresário montar sua plataforma pensando exatamente na experiência de compra, aumentando,  assim,  a  chance  de  sucesso.  Na  internet  existe  a  possibilidade  de  conversar  diretamente  com  o  consumidor  e  observar  os  comentários  (feedback)  dos  clientes  dos  sites  concorrentes  para  se  ter  uma  diretriz  de  como  essas  pessoas estão consumindo. Isso pode ser um trunfo para identificar  oportunidades  a  fim  de  oferecer  produtos  e  serviços que o mercado mais carece.

CUIDE DO ESTOQUE

Não há nada mais frustrante para o cliente do que comprar e ser informado depois que aquele produto não está disponível.  Em  um  momento  de  crise,  é  importante  que  mantenha seu estoque abastecido com os produtos mais vendidos.  A  variedade  é  importante,  mas,  para  começar  no e-commerce, foque os esforços naquilo que sabe fazer melhor. Assim, você atenderá os clientes que já conhecem a  marca  e  ganhará  a  confiança  de  novos  consumidores  que terão contato pela primeira vez.

A variedade é importante, mas, para começar no e-commerce, foque os esforços naquilo que sabe fazer melhor

TRANSPORTE E PAGAMENTO

Mais frustrante do que não encontrar um produto é comprar e não recebê-lo no tempo combinado. A eficiência é fundamental no e-commerce, e cumprir os prazos de entrega, vital para o desempenho da empresa. Se você comercializa produtos que levem certo tempo para serem produzidos,  como  artesanato,  roupas  ou  itens  importados, informe que esse tempo será acrescido na contagem para a entrega. Por exemplo, se você leva dois dias úteis para fabricar ou adquirir o produto e os Correios – ou a transportadora parceira – leva cinco dias úteis para realizar  a  entrega,  o  cliente  receberá  a  encomenda  em  até  sete dias úteis.

A eficiência é fundamental no e-commerce, e cumprir os prazos de entrega, vital para o desempenho da empresa

Pagamento também é assunto sério no e-commerce. Existem  muitos  serviços  de  pagamento  online  disponíveis,  como  PayPal,  PagSeguro,  MercadoPago,  MoIP,  entre  outros,  com  diferentes  taxas  e  prazos  para  o  dinheiro  cair  na conta da empresa. Escolha a mais vantajosa para o seu negócio e para os seus clientes.

COMUNICAÇÃO É TUDO

Se  você  ainda  não  tem  perfil  profissional  nas  principais  redes sociais (Facebook e Instagram, por exemplo), a hora de  ingressar  nesse  mundo  é  agora!  Nelas,  você  pode  expor seus produtos, divulgar sua marca, fazer publicidade dirigida  a  um  público-alvo  específico  e  interagir  com  os  consumidores  para  colher  sugestões  de  novos  artigos  e  feedback sobre a satisfação do cliente em relação aos serviços e produtos. Se o trabalho da empresa for bem-feito, os próprios clientes poderão fazer uma divulgação positiva da marca, compartilhando os produtos adquiridos com seus contatos e atraindo ainda mais clientes para sua loja.

Se você ainda não tem perfil profissional nas principais redes sociais, a hora de ingressar nesse mundo é agora!

Para  o  bom  desempenho  de  sua  página  comercial  nas  mídias  sociais,  é  importante  fazer  postagens  regularmente.  Faça  um  planejamento  semanal  do  que a sua empresa pretende postar e não se restringe  a  ofertas  e  produtos.  É  preciso  oferecer  conteúdo  relevante  aos  seus  seguidores.  Por  exemplo,  se  sua  empresa  for  uma  farmácia,  loja  de  produtos  naturais  ou  academia,  ofereça  também  aos  seguidores  dicas de saúde ou estética.

É importante fazer postagens regularmente

O  WhatsApp  e  o  Telegram  também  são  ferramentas  poderosas e práticas para trocar informações com o cliente, tirar  pedidos  e  mantê-lo  informado  sobre  as  novidades  do  negócio.  Entretanto,  não  caia  na  armadilha  da  informalidade que esses ambientes podem sugerir. A empresa deve  manter  o  profissionalismo,  seja  para  tirar  dúvidas,  seja para ouvir críticas. Assim como em uma abordagem física, cordialidade, paciência, honestidade e cumprimen-to  dos  prazos  são  fundamentais  para  a  prestação  de  um  serviço de excelência.

A empresa deve manter o profissionalismo, seja para tirar dúvidas, seja para ouvir críticas

ARREPENDIMENTO E DEVOLUÇÕES

As regras para trocas de produtos e devoluções no comércio eletrônico são diferentes em comparação ao comércio físico. No e-commerce, existe o direito de arrependimento. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), nas vendas efetuadas distância (por telefone, catálogo ou internet), o consumidor tem direito de desistir da compra em  até  sete  dias  corridos  após  a  data  do  recebimento  do  produto,  e  os  valores  pagos  devem  ser  ressarcidos  integralmente pela empresa. Isso ocorre pelo fato de o cliente não ter tido a possibilidade de ver e testar o produto, como ocorre na loja física.

HORA DE AGIR!

Seguindo   esses   passos,   você   conseguirá   ingressar   no   mundo virtual e respirar um pouco mais aliviado durante a crise. Além disso, essa nova opção pode fazer parte da sua  realidade  de  forma  permanente  após  a  pandemia  e  transformar seu negócio em híbrido (físico e virtual). Afinal, muitas ideias inovadoras surgiram nas piores crises. Permita-se!